
Quer saber como a Nutrição e Esquizofrenia – além de outras doenças neurológicas – estão relacionadas? Então leia o texto abaixo.
A esquizofrenia é um distúrbio psiquiátrico classificado entre as
dez principais causas mundiais de incapacidade a longo prazo.
Trata-se de uma alteração cerebral que dificulta o correto julgamento sobre a realidade, a produção de pensamentos simbólicos e abstratos, além da elaboração de respostas emocionais mais complexas.
Geralmente está relacionada à um prejuízo cognitivo, perceptual e comportamental.
Vale ressaltar que a esquizofrenia não é um problema de dupla personalidade (distúrbio de múltipla personalidade).
A sua causa parece estar associada à diversos fatores de riscos, embora a fisiopatologia dessa doença ainda não ter sido completamente elucidada.
Embora a maioria acha ser um distúrbio de múltiplas personalidades, trata-se de uma doença crônica e complexa que exige tratamento para toda a vida.
5 Fatores Relacionados à Nutrição e Esquizofrenia
Veja abaixo alguns fatores que estão relacionados à nutrição e esquizofrenia:
- Intolerância a certos alimentos e substâncias químicas. (os que são geralmente culpados: leite, glúten, fumaça de cigarro e gasolina.
- Deficiências e/ou dependências nutricionais (necessidades anormais de certos nutrientes. Em geral, vitamina B3 ou B6 e zinco “Pirolúria“)
- Excesso ou deficit de determinados ácidos graxos.
- Infecções (que tenham sido desenvolvidas durante a gestação ou atuais).
- Metabolismo anormal de carboidratos.
É sabido que a esquizofrenia é uma doença química cerebral decorrente de alterações em neurotransmissores e nas vias neuronais.
Alguns pontos a se considerar relacionados a nutrição e esquizofrenia:
- Dieta e fatores nutricionais estão relacionados à patogênese de doenças neurológicas;
- A desnutrição é comum em pacientes neurológicos e pode aumentar o risco de mortalidade e complicações clínicas;
- A diminuição da ingestão de alimentos é um dos principais fatores que levam à desnutrição em pacientes com doenças neurológicas;
- Os distúrbios neurológicos podem estar associados a alterações no gasto energético em repouso (TMB), levando a hiper ou hipo-metabolismo.
O estado nutricional, a composição corporal e a função neuromuscular alterada podem ser responsáveis por essas alterações.
Não se sabe ao certo os mecanismos cerebrais que causam os sintomas relacionas à esquizofrenia.
Os sintomas da esquizofrenia podem estar relacionados a uma ou mais das seguintes substâncias químicas:
- prostaglandinas,
- endorfinas,
- prolactina,
- desiquilíbrios de serotonina,
- dopamina,
- prolactina,
- leucina, e
- plaquetas deficientes em monoamino oxidase.
Posto que todas essas substâncias químicas do corpo são produzidas por nutrientes, as manobras nutricionais escolhidas são propostas na tentativa de equilibrar o nível dessas substâncias.
Nutrição e Esquizofrenia – A Relação com outras doenças
Nutrição e Esquizofrenia. Existe uma estreita relação entre nutrição e doenças neurológicas.
Alguns fatores nutricionais podem estar envolvidos na patogênese de doenças neurológicas (1).
A dieta pode favorecer a aterosclerose (inflamação e formação de placas de gordura nas artérias do coração) e a doença isquêmica neurológica.
A alta ingestão de gordura saturada e sal, uma dieta precária/baixa em frutas e vegetais, estão relacionadas a um maior risco de derrame (2).
Veja Macronutrientes Associados a Doenças Cardiacas
A deficiência e insuficiência de vitamina D têm sido associadas à esclerose múltipla (3).
A etiologia da esclerose lateral amiotrófica (ELA) está longe de ser clara; alguns fatores dietéticos, incluindo alta ingestão de frutas e vegetais, foram relatados para diminuir o risco da doença em estudos de controle de caso (4).
Conheça 7 Frutas Para Emagrecer
Meta-análises de estudos de corte, compreendendo mais de um milhão de indivíduos, demonstraram um papel protetor da ingestão de ácidos graxos ômega-3 (5) e carotenóides (6) na ELA.
Estudos epidemiológicos constataram que o alto consumo de frutas, vegetais e peixes foi inversamente associado ao risco de doença de Parkinson (DP).
Padrões alimentares característicos de uma dieta mediterrânea estão surgindo como uma poderosa alternativa neuroprotetora (7).
Além disso, a dieta mediterrânea pode diminuir o risco de desenvolver Alzheimer em pacientes com comprometimento cognitivo leve (8).

A neuropatia periférica pode ser causada por deficiência de vitaminas (em especial, a tiamina e a vitamina B6).
Nutrição e Esquizofrenia – Taxa de Mortalidade
A população diagnosticada com esquizofrenia, possui uma taxa de mortalidade alta e bem expressiva.
Aproximadamente 60% das mortes parecem estar atribuídas aos efeitos da doença como suicídio ou síndromes metabólicas, demonstrando características dessa condição incluindo:
- Hipertensão Arterial;
- Aumento nos níveis de gordura visceral e;
- Resistência a Insulina.
Essas condições são resultado de um conjunto de fatores e, dentre eles, o tratamento com medicações anti-psicóticas.
Motivo esse que tem aumentado a taxa de descontinuação do tratamento farmacológico.
Nutrição e Esquizofrenia. Pesquisas recentes sugerem que a tolerância à glicose e a resistência a insulina podem ter um papel importante no surgimento desse distúrbio neurológico.
Isso porque embora o cérebro constitua apenas 2% da massa corporal, estima-se que ele consiga consumir até 65% do fornecimento total de glicose.
Assim sendo, estratégias nutricionais podem exercer um papel coadjuvante importante no tratamento da Esquizofrenia.
Nutrição e Esquizofrenia – Estratégias Nutricionais

Dentro disso, a dieta cetogênica pode ser uma alternativa para remissão dos sintomas da esquizofrenia.
Essa dieta é uma variação da famosa “low carb“, ou seja, o indivíduo irá reduzir o máximo possível seu consumo de carboidratos e irá aumentar a ingestão de gorduras boas.
O que muita gente confunde é que para se entrar no estado de cetose, é necessário um baixo consumo de proteínas também, caso contrário, haverá o processo de gliconeogênese (dos quais, um das vias é a transformação de aminoácidos em glicose)
Nutrição e Esquizofrenia. A dieta cetogênica é capaz de exercer efeitos positivos no cérebro, pelo fato de fornecer cetonas em oposição à glicose, proporcionando assim, melhorias para a: resistência a insulina, biogênese e função mitocondrial, além da diminuição da inflamação.
Efeitos Colaterais dos Medicamentos para Esquizofrenia
Devido a serie de efeitos colaterais provenientes dos medicamentes para esquizofrenia, os médicos e nutricionistas, que trabalham em conjunto, estão adotando uma posição mais natural perante aos remédios.
Um estudo realizado em 1970, médicos ortomoleculares trataram a a esquizofrenia com um nutriente chamado “colina” (matéria-prima para a acetilcolina, substancia química que atua no cérebro).
Algumas vezes também é utilizado o manganês, pois os medicamentos (tranquilizantes / calmantes) podem causar deficiência desse nutriente (manganes), sendo que este auxilia o organismo na utilização de outros nutrientes.
Nutrição e Esquizofrenia: Suplementação Indicada
O mais indicado como suplementação para a esquizofrenia seria a utilização de vitaminas do complexo B, mais especificadamente a vitamina B3 (em especial, para os pacientes de esquizofrenia aguda).
Qual a influência da Vitamina B3 nos processos mentais?
Nutrição e Esquizofrenia: Vitamina B3
A vitamina B3 pode ajudar na atividade da acetilcolina podendo assim aumentar os níveis de serotonina, que é um tranquilizante natural.
A Nicotinamida Adenina Dinucleotídeo – NAD (forma da vitamina B3), é uma coenzima necessária ao correto funcionamento de áreas vitais do cérebro.
Na esquizofrenia ocorre uma falha no fornecimento de suficiente quantidade dessa coenzima (NAD) ao cérebro.
A vitamina B3 é necessária para a transformação do triptofano.
Caso exista realmente uma deficiência de niacina (vitamina B3), então essa transformação do triptofano em NAD é interrompida e ocorre, não somente uma deficiência de nicotinamida, mas também uma sobrecarga de triptofano.
Triptofano é ótimo, contudo, em excesso, pode ocasionar mudanças de humor negativas. (voltamos no ponto de que tudo deve haver um equilibrio).
Fontes de B3 (Niacina):
- amendoim,
- Castanha do Pará,
- fígado de boi,
- batata doce,
- cenoura,
- carnes magras,
- abacate,
- cereais integrais,
- brócolis, e
- ovos.
E a Vitamina B6 qual sua influencia nos processos mentais?
Nutrição e Esquizofrenia: Vitamina B6
A vitamina B6 está envolvida no metabolismo do triptofano-niacina, além dela ser precursora de mais de 60 reações enzimáticas.
A piridoxina é necessária para o metabolismo adequado de todos os aminoácidos, sendo necessária para a manutenção do sistema imunológico.
Uma substância chamada Kryptopyrrole (KP) também chamada de “Mauve Factor” tem sido observada em quantidades anormais na urina de pacientes psiquiátricos esquizofrênicos.
Esta substância se une à vitamina B6 e zinco esgotando-as mais rapidamente do organismo.
Obs.: níveis altos de Kryptopyrrole também foram observados em:
- Autistas,
- pacientes com Transtorno do Déficit de Atenção (TDHA),
- hiperativos,
- aqueles com Transtorno Bipolar,
- Síndrome de Down e
- alcoólatras.
Fontes de piridoxina (vitamina B6): atum, salmão, nozes, amendoins, avelãs, milho e cereais de grão integral.
Nutrição e Esquizofrenia: Estudos Recentes
Em 2017, foi publicado um artigo com 2 relatos de casos com esquizofrenia relacionados a nutrição.
Os pacientes estudados foram submetidos à dieta cetogênica, resultando no aumento na remissão/alívio de sintomas psicóticos.
A primeira paciente foi uma senhora de 82 anos, que já teve numerosas tentativas de suicídio e administrou 7 medicamentos.
Posteriormente, após adotar o padrão de dieta cetogênica evoluiu para cessação da medicação e não teve mais nenhum sintoma.
A segunda trata-se de uma mulher de 39 anos que passou o uso de 14 medicações para apenas uma, além de apresentar redução de peso significativa.
No entanto a dieta cetogênica deve ser aplicada em casos específicos, sendo que hoje se tornou banalizada por “pseudo-conhecedores”.
Quer saber mais sobre aplicabilidades da dieta cetogênica? Procure um nutricionista esportivo online para te auxiliar.

Texto por: Silverio Neto

Contribuição do texto: Bruno Rodrigo
Siga nosso parceiro no Instagram, para mais conteúdos do tipo, CLIQUE NO BOTÃO ABAIXO:

Ref.: 1.Breton I, Burgos R, Planas M. Nutrición en las enfermedades neurológicas. En: Tratado de Nutrición. 2ª Edición. Ed A. Gil. Panamericana. Madrid, 2010.
2.Medeiros F, Casanova M de A, Fraulob JC, Trindade M. How can diet influence the risk of stroke? Int J Hypertens. 2012;2012:763507.
3.Alharbi FM. Update in vitamin D and multiple sclerosis. Neurosciences (Riyadh).2015;20:329-35.
4.Jin Y, Oh K, Oh SI, Baek H, Kim SH, Park Y. Dietary intake of fruits and beta-carotene is negatively associated with amyotrophic lateral sclerosis risk in Koreans: a case-control study. Nutr Neurosci. 2014;17:104-8.
5.Fitzgerald KC, O’Reilly ÉJ, Falcone GJ, McCullough ML, Park Y, Kolonel LN, Ascherio A. Dietary ω-3 polyunsaturated fatty acid intake and risk for amyotrophic lateral sclerosis. AMA Neurol.2014;71:1102-10.
6.Fitzgerald KC1, O’Reilly ÉJ, Fondell E, Falcone GJ, McCullough ML, Park Y, Kolonel LN, Ascherio A. Intakes of vitamin C and carotenoids and risk of amyotrophic lateral sclerosis: pooled results from 5 cohort studies. Ann Neurol.2013;73:236-45.
Ref. LAZARUS, Pat. A Cura da mente através da Terapia Nutricional. Editora Campus. Rio de Janeiro. 1995. PHILPOTT, W. H.; KALITA, D. K. Brain Allergies. The Psychonutrient and Magnetic Connections. Second edition. Keats Publishing. Los Angeles.2000
https://geisamoterani.wordpress.com/2010/09/25/esquizofrenia-uma-abordagem-ortomolecular-e-nutricional/
[1] Harris, L.W., et al., Schizophrenia: Metabolic aspects of aetiology, diagnosis and future treatment strategies. Psychoneuroendocrinology (2012), http://dx.doi.org/10.1016/j.psyneuen.2012.09.009
[2] : C.M. Palmer, J. Gilbert-Jaramillo and E.C. Westman, The ketogenic diet and remission of psychotic symptoms in schizophrenia: Two case studies, Schizophrenia Research, https://doi.org/10.1016/j.schres.2019.03.019
Sobre o Autor
0 Comentários